Palavras Escolhidas.

domingo, fevereiro 12, 2006

Você é livre?


Livre mesmo? Para fazer tudo o que quiser, a qualquer dia e hora? Você não se sente preso a nada ou a ninguém, ou até mesmo alguma convenção? Não está nem aí para o que pensem de você? Será?
Nestes dois últimos dias, este estado de ser ou estar vem preenchendo meus pensamentos e desfilando sob os meus olhos.
Estou lendo o romance – O Zahir – do Paulo Coelho e em dada hora o personagem se vê questionando a sua liberdade tão dificilmente conquistada.
Hoje ao abrir o jornal, vejo a crônica do Arnaldo Jabour - Viva a Liberdade! Ele (Jabour) fala da onda de censura à imprensa que vem tomando conta do ano de 2006. Fala da censura imposta ao Google (o maior site de busca na internet) pela China; comenta das atitudes radicais que vem ocorrendo na Europa pelos radicais islâmicos por causa das caricaturas dinamarquesas do profeta Maomé e termina a crônica com um alerta: daqui a pouco teremos no ar o cheiro das fogueiras e o ranger das masmorras da Inquisição.
E então eu retomo a questão inicial: você é livre? E mais eu quero saber: Fala da tua liberdade?
Frente a tudo isso não dá para não pensar. Agora mesmo estou presa às palavras para tentar explicar justamente a liberdade.
Diariamente estamos presos a uma rotina. É o trabalho, é o estudo, a ginástica. São os compromissos com os outros e com você mesmo. Relacionamentos. Você e o outro. Sentimentos: saudade, fidelidade, ciúmes. Tudo te prende ao outro e ele a você.
Sua vida é pública. Todos sabem tudo ou quase tudo de você. O banco sabe das suas finanças. Até o porteiro do teu prédio sabe de você, teus horários e com alguma propriedade sabe falar de quem freqüenta sua casa.
Por isso acredito que o verbo estar é o melhor para ser usado com a palavra liberdade. Se está livre, não se é livre. Se está livre para escolher se o doce é melhor que o salgado; para escolher se o banho será quente ou frio, se ouve música ou se fica no silêncio. Ou se atende ao telefone que toca ou se ouve a mensagem depois na secretária eletrônica.
E por aí vai. Eu estou livre (= me sentir à vontade) para encerrar este questionamento.Quanto a você, fica a possibilidade de não se importar com nada isso: afinal você não é livre?